BLOG

09 abr 2020

Coração e Gestação

Introdução:
Cerca de 2% das gestações evoluem doença cardiovascular materna., o que consequentemente, resulta em risco aumentado tanto para as mães quanto para o feto. A maioria das mulheres, portadoras de doença cardiovascular pode ter uma boa gestação com cuidados adequados, mas a avaliação criteriosa prévia à concepção é obrigatória. Às vezes, a cardiopatia manifesta –se pela primeira vez na gravidez, pois as mudanças hemodinâmicas podem comprometer uma reserva cardíaca limitada. Por outro lado, os sinais e sintomas de uma gravidez normal podem assemelhar – se àqueles de doença cardíaca. Vertigens, tonturas, falta de ar, edema periférico e até mesmo desmaios o que chamamos de síncope, ocorrem com frequência no curso de uma gravidez normal. O conhecimento do exame cardíaco normal de uma paciente grávida é, portanto, importante.
Aconselhamento pré–Concepcional:
O aconselhamento pré-concepcional é importante para fornecer informação prospectiva adequada às mães sobre a possível gravidez e discutir os riscos materno-fetais. Essas pacientes, devem se consultar, bem como realizar exame clínico, eletrocardiograma e ecocardiograma, este facilita a avaliação detalhada da função miocárdica, da doença valvar, e das pressões arteriais pulmonares. Nas pacientes portadoras de cardiopatia congênita, a percepção da atividade normal do coração pode ser melhor avaliada através do teste de esforço (teste ergométrico). Uma análise do histórico familiar é importante para avaliar se existe alguma doença cardíaca congênita, não só na família da paciente, mas também na do seu parceiro. Importante uma discussão cuidadosa sobre os riscos maternos e fetais e se esses riscos podem mudar com o tempo ou com o tratamento.
Durante a gravidez:
As alterações hemodinâmicas são intensas e começam no primeiro trimestre da gestação. O volume de plasma começa a aumentar e tende a ocorrer uma baixa na massa de células vermelhas, o que resulta em anemia relacionada à gravidez.  Frequência cardíaca começa aumentar para facilitar o trabalho do coração. O fluxo de sangue para o útero aumenta com o crescimento da placenta, e uma diminuição (queda) da pressão arterial também pode ocorrer. Essas alterações podem causar problemas para a mamãe já portadora de doença no coração.
Durante o trabalho de parto:
As alterações hemodinâmicas durante o trabalho de parto são repentinas. A cada contração uterina ocorre aumento do trabalho do coração e da pressão arterial. Todas essas mudanças abruptas determinam, para a paciente com doença no coração (cardiopata), uma abordagem multidisciplinar durante o trabalho de parto. O cardiologista e o obstetra devem trabalhar em conjunto com o anestesiologista para determinar o tipo de trabalho de parto mais seguro.  O importante é que diante desse cenário, o parto deva ocorrer em um centro onde haja condições disponíveis para monitorar as alterações e intervir quando necessário.
Hipertensão:
Hipertensão é o problema médico mais comum durante a gestação e é um contribuinte para mortalidade materna. A definição se baseia na pressão arterial sistólica (valor maior) superior 140mmHg ou a diastólica (valor menor) superior 90mmHg. Existem diferentes tipos de hipertensão observados na gravidez:
Hipertensão crônica: pressão arterial >140mmHg (sistólica) e >90 (diastólica). Presente antes da gravidez ou que foi diagnosticada antes da 20 semana de gestação.
Hipertensão gestacional: hipertensão recente com pressão arterial de 140/90mmHg em duas avaliações distintas, sem perda de proteína pela urina (sem proteinúria), surgindo após 20 semana de gestação e que volta para valores normais em 12 semanas após o parto.
Pré- eclampsia/ Eclâmpsia: Hipertensão recente + perda de proteína na urina (proteinúria). O edema (inchaço) não é específico desse quadro.  Outros sinais e sintomas são: dor de cabeça, visão embotada (perda da visão), dor abdominal, plaquetas baixas, ou enzimas hepáticas alteradas.
Importante sempre procurar por avaliação especializada e seguir as orientações com relação ao tratamento e indicação de parto.
Arritmias:
Em razão das alterações fisiológicas da gravidez, o coração pode estar mais vulnerável às arritmias durante esse período. No entanto, os sintomas podem dificultar  separar o que é normal da gestação, incluindo sensação de batimentos rápidos e batimentos descompassados, muito comuns nesse momento. A avaliação cardiológica é importante para procurar quaisquer causas precipitantes ou mesmo para a exclusão de problemas médicos.
Angina/Infarto Agudo do Miocárdio:
Pode ocorrer particularmente na presença de diabetes  e tabagismo. O infarto agudo do miocárdio é raro, mas com o aumento da idade materna e aumento do número de mulheres de alto risco que engravidam, a incidência cresce. Quando angina, infarto (síndromes coronarianas) ocorrem, a paciente deve procurar imediatamente o atendimento hospitalar, para proceder ao tratamento adequado.
Outras Doenças do Coração na Gestação:
Cardiopatia congênita, hipertensão pulmonar, cardiopatia valvar, cardiomiopatias e gestantes que já passaram por cirurgias cardíacas… Sempre importante o trabalho conjunto do obstetra com o cardiologista.
“Ser mãe é carregar no corpo o dom da criação, a dádiva da vida, e no coração um amor que não conhece limites pela vida toda. Ser mãe é chamar para si a maior e mais divina das responsabilidades.”

admin

Atendimento via WhatsApp